quinta-feira, 28 de maio de 2009

O Caminho...Noutra Direcção...

Fecham-se os dedos donde corre a esperança,
Toldam-se os olhos donde corre a vida.
Porquê esperar, porquê, se não se alcança
Mais do que a angústia que nos é devida?

Antes aproveitar a nossa herança
De intenções e palavras proibidas.
Antes rirmos do anjo, cuja lança
Nos expulsa da terra prometida.

Antes sofrer a raiva e o sarcasmo,
Antes o olhar que peca, a mão que rouba,
O gesto que estrangula, a voz que grita.

Antes viver do que morrer no pasmo
Do nada que nos surge e nos devora,
Do monstro que inventámos e nos fita.

José Carlos Ary dos Santos

sábado, 23 de maio de 2009

sexta-feira, 22 de maio de 2009

O início da Viagem

Decidida a adiar a pesquisa de emprego, resolveu mesmo fazer a mochila. Ainda pensou que não seria capaz de seguir viagem sozinha, nunca o tinha feito, mas escolheu um trajecto mais ou menos seguro e marcou o dia.
Mantinha um secreta esperança de encontrar algumas respostas, e quem sabe conhecer a forma certa de fazer as perguntas.
Sentada no comboio, numa carruagem sozinha, começou a viagem de cartas que tinha preparadas para escrever.

“ Vou a caminho, numa viagem ainda longa e vou a pensar também em ti...
Tenho me recordado várias vezes, mas nestes últimos dias tenho andado com a cabeça tão cheia que tentei por estes pensamentos na 3ª gaveta de arquivo do meu sotão.
Sinto que há algo que não me dizes, e também haverá certamente muito que não te confesso. Pois, não me parece nada bem, mas também não tenho muitas certezas se assim é. Sei que na nossa relação não devia haver tanto silêncio, mas parece me que já se prolonga. E talvez só agora pense nisso. Talvez saibas melhor que eu. Talvez te lembres de como tudo começou, quando e como. Tens sempre a memória melhor que a minha. Sempre tiveste. Mas de certa forma, ainda bem que não recordo muito do que guardas. Iria ser mais um dos pesos que não me apetece trazer. Assim é muito melhor. Se precisar recordar tu contas me como foi. E foi... Tanto... Muitos dias em muitos anos...
Mas quando foi que ficaste assim comigo? Tenho aquela sensação de que há tanto por dizer... E até quase que consigo ouvir: “ Não vale a pena. Para quê?”
É isso? Estou completamente fora? Também me parece ouvir: “ Porque é que só te lembraste agora?”
Achei que podia passar tempo, muito tempo, que uando regressássemos... Eu ou tu... Seria igual. Achas que assim é? Aparentemente sim...Mas tenho a sensação... Não sei porquê... Por vezes sinto que dizes a verdade quando dizes: “ Gosto muito de ti meu amor”, outras vezes sinto que falta um mas... calado, pendente...
Desiludi-te? Traí-te? Deixei-te ficar mal? Abandonei-te?
Não sei...Nem entendo. Só sinto que há um silêncio que não me deixa confortável.
Enfim... Talvez sejam ausências prolongadas, ou insanidades de viajante que batem a portas diferentes em viagens diferentes.
Sabes que fui perita em situações mal resolvidas ou demasiado rebuscadas, e hoje em dia não gosto mesmo... Nem sei lidar com isso, porque hoje quero viver em Paz (como diria alguém que conheci), por isso não penses que nesta relação só há uma insegura....Sabes que somos duas.
Mas esta é a carta dos ‘mas’ e dos ‘talvez’. E talvez seja melhor continuar neste caminho silencioso. Se não te apetece, se não queres.... Que posso eu fazer? Tavez possa abordar - te, questionar - te... E ainda me poderás dizer: “ Não é nada, querida. Está tudo bem. Não se passa nada!”. Talvez só percebessemos o silêncio se discutíssemos, embora de forma saudável. Mas nós não discutimos. E as relações precisam...
Enfim... Há dias assim... E esta viagem certamente me ajudará a encontrar mais essa resposta. E a certeza que tenho é que continuo a gostar de ti da mesma forma.
E isto acaba aqui antes que se torne demasiado lamechas... Esta ideia de escrever em viagem deve ser para compensar as faltas que o jornal ainda me trás... Chega de escrita, vou me dedicar às fotos.
Devo estar ausente no mínimo um mês, por isso não adianta responderes, porque vou sem destino certo, isto é, se quiseres responder. Mas quando chegar a Portugal....
Um Beijo,
Maria
Uma certa leveza permitiu-lhe adormecer por breves momentos... A carta iria pôr na primeira estação que encontrasse, não fosse ela perder a vontade ( o que acontecia muitas vezes nas várias cartas escritas que andavam espalhadas lá por casa que nunca foram enviadas).

quarta-feira, 20 de maio de 2009


Sexta–feira, 22 de Maio

- LUIZ E A LATA
*Abertura de Portas:22.00
Início do Espectáculo:23.30
Bilhetes:10 Euros

Luiz e a Lata, um dos novos grupos de World Pop Português, que editou o seu primeiro disco “Andei…” em 2005, e o seu segundo disco “9” em 2008, está de volta, com uma edição especial do seu segundo álbum “9”, que contém, além dos 12 temas inéditos dos quais fazem parte as participações especiais de Rão Kyao e Sara Tavares, um novo dueto com a fadista Raquel Tavares.
Luiz e a Lata, mostram-nos a força da sua sonoridade aliada à força das canções e das palavras, numa lusofonia ainda mais presente na linguagem do grupo, que se traduz na particularidade de fundir alguns elementos tradicionais, a canções, estruturas e sonoridades pop.

www.myspace.com/luizealata
A não perder!!!

terça-feira, 19 de maio de 2009

Novo Estado...

Será...




Ou Será...???




Sem dúvida o caracol....
A tartaruga põe a cabeça muito mais vezes de fora! Ambos utilizam a carapaça como esquema de defesa, cá na minha acho que é um espectáculo! Não como defesa, mas como opção. Ora apetece me estar aí convosco, ora não me apetece. E quando não me apetece, tudo se resume a um movimento do pescoço.
E na realidade o caracol acaba por por a cabeça de fora muito mais depressa. A tartaruga pode ficar a hibernar durante muito tempo, eh pá.... Mas o caracol também hiberna... Mas é basicamente durante o Inverno, o que não é o caso mas também serve. A minha espécie é diferente. Os outros ficam mais sociáveis nesta altura...
“...Têm um sentido de paladar, olfacto e tacto bastante desenvolvidos, sendo sensíveis a alterações de temperatura, correntes de ar, pressão atmosférica e até a pequenas mudanças na sua dieta...” – Tão sensíveis...
Novo estado, definitivamente o do CARACOL!!! E não adianta pedir para por os cornos ao sol, que não tem graça nenhuma... Lá dentro está mais quente e o Sol por vezes queima demais...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Casa...Por fora...

Aos teus olhos....

Só tu!!!

...!!!...


In his boat and through the dark he rowed
Chained to oar and the night and the wind that blowed
Horribly 'round his ears
Under the bridge and into your dreams he soars
While you lie alone in that idea-free sleep of yours
That you've been sleeping now for years

And he wants you
He wants you
He is straight and he is true
Ooh hoo hoo

Beneath the hanging cliffs and under the many stars where
He will move, all amongst your tangled hair
And deep into the sea
And you will wake and walk and draw the blind
And feel some presence there behind
And turn to see what that may be
Oh, babe, it's me

And he wants you
He wants you
He is straight and he is true
Ooh hoo hoo

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Infância!!!!

MARMALADE

Desmond has a barrow in the marketplace
Molly is the singer in a band
Desmond say to Molly, girl I like you face
And Molly says this as she takes him by the hand

Ob-la-di, ob-la-da,Life goes on, bra
La la how the life goes on
Ob-la-di, ob-la-da,Life goes on, bra
La la how the life goes on

Desmond take a trolley to the jewelers store
Buys a twenty carat golden ring,
Takes it back to Molly waiting at the door
And as he gives it to her she begins to sing

Ob-la-di, ob-la-da, Life goes on, bra
La la how the life goes on
Ob-la-di, ob-la-daLife goes on, bra
La la how the life goes on Yeah,

In a couple of years theyhave built
a home sweet home
With a couple of kids running in the yard
of Desmond and Molly Jones

Happy ever after in the market place
Desmond lets the children lend a hand
Molly stays at home and does her pretty face
And in the evening she's a singer with the band

Ob-la-di, ob-la-daLife goes on, bra
La la how the life goes on
Ob-la-di, ob-la-daLife goes on, bra
La la how the life goes on

Happy ever after in the market place
Molly lets the children lend a hand
Desmond stays at home and does his pretty face
And in the evening she's a singer with the band

Ob-la-di, ob-la-daLife goes on, bra
La la how the life goes on
Ob-la-di, ob-la-da, Life goes on, bra
La la how the life goes on
And if you want some fun take
Ob-la-di-bla-da

terça-feira, 12 de maio de 2009

Só 'Ela' Sabe o que Será, Só 'Ela' Sabe o que Virá!!!

A Mudança!!!!

Despediu-se.
Não aguentava mais a correria do jornal, não aguentava mais ser tratada daquela forma, não se identificava mais com nada daquilo. E, de um dia para o outro, depois de uma noite de pesadelos e de uma tristeza profunda despediu-se. Não pensou muito sobre os resultados da sua atitude e na altura não lhe parecia importante. Só tinha a certeza que eram muitos anos no mesmo sítio. Estava na altura de mudar. A ideia seria mudar tudo.
Traçou um plano. Depois do espanto de todos, das despedidas, das tentativas falhadas de impedirem o adeus, Maria foi.
Foi para casa com uma sensação nova de leveza. Tudo lhe parecia subitamente mais claro e certamente arranjar outro emprego não seria um problema mas logo pensaria nisso. Havia tantas coisas que queria fazer e tantos locais que queria visitar. E tinha escolhido um bom dia. Estava Sol e a rede do terraço esperava por ela. Tinha de ir traçar o seu plano...
Havia uma tristeza que não a largava, e ainda pensava serem as palavras de um amigo de longa data a ecoarem na cabeça, dizendo sempre: “Maria, és uma idealista. Ainda te vais dar mal. Já tens idade para querer ter mais na vida. O amor não é nada disso. Não podes ter um emprego tão precário. Maria, tens de cuidar mais de ti... Xá lá lá...”
Mas embora mais tarde lhe viesse a dar muita razão, naquele momento não eram esses os motivos da tristeza que sentia. Até porque estava bastante convicta que tinha tomado a decisão certa. Tinha de ir a correr para a rede. Precisava meditar e entender aquela tristeza que estava presa e não a deixava sonhar com a quantidade de planos que tinha em mente.
Meditou...Apanhou Sol...Fez exercício....Ouviu Música....Cozinhou....Arrumou a casa....Ligou aos amigos a contar a novidade...E não quis aceitar o motivo, já óbvio, que a incomodava. Já tinha ganho a luta há tanto tempo que não podia ser verdade.
E por isso saíu, saíu decidida que não ficaria dentro de casa com o passado. Não o deixaria entrar. ‘A minha senhora da solidão’ já não existia. Era ela e só ela que iria traçar o plano. Não queria mais ninguém com ela. Estava farta de desilusões e há muito fechada para as janelas do amor. Fechou a porta, as janelas, correu as cortinas, pôs os ‘chouriços’ para que não entrasse nenhuma lufada de sentimentos novos ou quaiquer mimos e saíu.
Estava só e assim seria!

Por Tudo e Por Mais Qualquer Coisa...

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Para Nós Mana Jet!!!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

SOL


I know you may not want to see me
On your way down from the clouds
Would you hear me if I told you
That my heart is with you now

She's only happy in the sun
She's only happy in the sun

Did you find what you were after
The pain and the laghter brought
You to your knees
But if the sun sets you free
Sets you free
You'll be free indeed

She's only happy in the sun
She's only happy in the sun

Every time I hear you laughing
I hear you laughing
It makes me cry
Like the story of your life
Of your life
Is hello and goodbye

She's only happy in the sun

'CONTEXTOS'

"Aureliano sorriu, levantou - a pela cintura com as duas mãos, como um vaso de begónias, e deitou - a na cama. Com um puxão brutal, despojou - a do roupão de banho, antes dela ter tempo de o impedir, e assomou - se ao abismo de uma nudez recém lavada que não tinha um matiz da pele,nem um veio de penugem, nem um sinal recôndito que ele não tivesse imaginado nas trevas de outros quartos. Amaranta Úrsula defendia - se sinceramente, com astúcias de fêmea sábia, esquivando o escorregadio, flexível, odoroso corpo de doninha, enquanto tentava desfazer lhe os rins com os joelhos e lhe arranhava a cara com as unhas, mas sem que ele nem ela emitissem um suspiro que não pudesse confundir - se com a respiração de alguem que contemplasse o parcimonioso crepúsculo de Maio pela janela aberta. Era uma luta feroz, uma batalha de morte, que no entanto parecia desprovida de toda a violência, porque era feita de agressões distorcidas e evasivas espectrais,lentas, cautelosas, solenes, de modo que entre uma e outra havia tempo para voltarem a florir as petúnias e Gastón esquecer os seus sonhos de aeonauta no quarto vizinho, como se fossem dois amantes inimigos tentando reconciliar - se no fundo de um lago diáfano. No fragor do encarniçado e cerimonioso forcejar, Amaranta Úrsula compreendeu que a meticulosidade do seu silêncio era tão irracional que teria podido levantar as suspeitas do marido contíguo, muito mais do que os estrépitos de guerra que tentavam evitar. Então começou a rir com os lábios apertados, sem renunciar à luta, mas defendendo - se com mordiscos falsos e os dois tiveram consciência de serem ao mesmo tempo adversários e cúmplices, e a briga degenerou numa brincadeira convencional e as agressões tornaram - se carícias. Então quase a brincar, como se fosse mais uma travessura, Amaranta Úrsula descuidou a defesa e quando tentou reagir, assustada pelo que ela própria tinha feito possível, já era demasiado tarde. Uma emoção descomunal imobilizou a no seu centro de gravidade, enraizou - a no lugar e a sua vontade defensiva foi demolida pela ansiedade irresistível de descobrir o que eram os silvos alaranjados e os globos invisíveis que a esperavam do outro lado da morte. Apenas teve tempo para esticar a mão e procurar às cegas a toalha e meter uma mordaça entre os dentes, para que não saíssem os vagidos de gata que já lhe estavam a dilacerar as entranhas."
Gabriel Garcia Marquez in "Cem anos de solidão"

domingo, 3 de maio de 2009

Minha Mãe.....Quero o teu Colo!


Amo te muito meu Amor!!!!
...A SAUDADE É UM MINOTAURO QUE SE ALIMENTA DA SOLIDÃO..."

J. Palma