terça-feira, 12 de maio de 2009

A Mudança!!!!

Despediu-se.
Não aguentava mais a correria do jornal, não aguentava mais ser tratada daquela forma, não se identificava mais com nada daquilo. E, de um dia para o outro, depois de uma noite de pesadelos e de uma tristeza profunda despediu-se. Não pensou muito sobre os resultados da sua atitude e na altura não lhe parecia importante. Só tinha a certeza que eram muitos anos no mesmo sítio. Estava na altura de mudar. A ideia seria mudar tudo.
Traçou um plano. Depois do espanto de todos, das despedidas, das tentativas falhadas de impedirem o adeus, Maria foi.
Foi para casa com uma sensação nova de leveza. Tudo lhe parecia subitamente mais claro e certamente arranjar outro emprego não seria um problema mas logo pensaria nisso. Havia tantas coisas que queria fazer e tantos locais que queria visitar. E tinha escolhido um bom dia. Estava Sol e a rede do terraço esperava por ela. Tinha de ir traçar o seu plano...
Havia uma tristeza que não a largava, e ainda pensava serem as palavras de um amigo de longa data a ecoarem na cabeça, dizendo sempre: “Maria, és uma idealista. Ainda te vais dar mal. Já tens idade para querer ter mais na vida. O amor não é nada disso. Não podes ter um emprego tão precário. Maria, tens de cuidar mais de ti... Xá lá lá...”
Mas embora mais tarde lhe viesse a dar muita razão, naquele momento não eram esses os motivos da tristeza que sentia. Até porque estava bastante convicta que tinha tomado a decisão certa. Tinha de ir a correr para a rede. Precisava meditar e entender aquela tristeza que estava presa e não a deixava sonhar com a quantidade de planos que tinha em mente.
Meditou...Apanhou Sol...Fez exercício....Ouviu Música....Cozinhou....Arrumou a casa....Ligou aos amigos a contar a novidade...E não quis aceitar o motivo, já óbvio, que a incomodava. Já tinha ganho a luta há tanto tempo que não podia ser verdade.
E por isso saíu, saíu decidida que não ficaria dentro de casa com o passado. Não o deixaria entrar. ‘A minha senhora da solidão’ já não existia. Era ela e só ela que iria traçar o plano. Não queria mais ninguém com ela. Estava farta de desilusões e há muito fechada para as janelas do amor. Fechou a porta, as janelas, correu as cortinas, pôs os ‘chouriços’ para que não entrasse nenhuma lufada de sentimentos novos ou quaiquer mimos e saíu.
Estava só e assim seria!

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